ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
|
5.5.05
DOIS ANOS
YEATS - RUMO A BIZÂNCIO (UMA TRADUÇÃO INÉDITA DE VASCO GRAÇA MOURA) Rumo a Bizâncio Velhos não têm país. Os jovens tão enlaçados e as aves em trinado - levas que hão-de ir -, açudes do salmão, mares de cavalas em cardume, e alçado em peixe, carne ou pássaro, no verão, tudo o que nasce e morre, após gerado, desleixa em sensual música infrene testemunhos do espírito perene. Um homem velho é coisa não prestante, um casaco de trapos em bengala, a menos que a alma bata as mãos e cante, cante alto os mortais trapos a tapá-la, sem escola de canto e prescrutante dos monumentos dessa excelsa gala; assim cruzei os mares e assim a Bizâncio, cidade santa, vim. Sábios que estais no fogo divinal como em mosaico de oiro na parede, girai, do fogo santo, em espiral, mestres do canto e da minha alma sede. E consumi meu coração: em mal de ansiar e preso a um bicho à morte, vede, não sabe o que é; levai-me de verdade ao artifício da eternidade. Ido eu da natureza, não se irá meu corpo em forma natural formar, mas qual de ourives grego ela será de oiro batido e de oiro a esmaltar que apático imperador despertará, ou posta em ramo de oiro há-de cantar, nobres e damas de Bizâncio a ouvir, do que passou, ou passa, ou há-de vir. (W. B. Yeats) (url)
© José Pacheco Pereira
|